Na Umbanda, todos os participantes são considerados médiuns, ao integrar uma corrente o médium tem a oportunidade de vivenciar sua mediunidade de forma livre e experiencial. O Amaci é um ritual de iniciação na Umbanda, ao fazê-lo o médium estabelece seu papel e fortalece sua conexão com os propósitos da casa onde participa.
Os Terreiros de Umbanda são inúmeros, cada um tem uma forma de iniciar seus filhos, no Centro Espiritualista Asas de Aruanda temos o Amaci e uma sala, chamada de Roncó, onde fica guardado todos os alguidares dos médiuns da casa e a mãe de santo os mantêm alimentados 24 horas por dia.
O ritual do Amaci no Asas de Aruanda começa com o médium se preparando para o dia do Amaci, com três dias de preceito, um banho de ervas e uma oferenda ao seu Pai de cabeça, o orixá que rege sua coroa. No dia do ritual cada médium leva as ervas do seu Orixá, somando 21 ervas diferentes, elas são acrescentadas junto às ervas já existentes em um vaso grande de barro, com tampa, chamado de quartilhão. Essa mistura de ervas secas do quartilhão, ervas frescas trazidas pelos médiuns e água, são derramadas sobre a cabeça do amaciado. Depois disso ele recebe o cruzamento, que é feito com riscos de pemba em sete pontos do corpo, sendo esse a proteção principal para que o trabalho mediúnico seja seguro e firmado na Lei Maior. Após ter a cabeça banhada em água e ervas, ter recebido o cruzamento, a coroa do médium fica coberta pelo seu pano de cabeça. Este pano será usado nas giras, todas as vezes que o médium for bater a cabeça, em forma de respeito, reverência e conexão aos guias que chegam na casa.
O Amaci é o ritual mais importante da Umbanda, é uma iniciação e uma proteção. Ao receber seu alguidar você assume um compromisso com sua casa de axé, deve ter comprometimento com o propósito de servir aos guias lealdade e confiança com o terreiro e sua mãe de santo. O Asas de Aruanda propõe liberdade e a qualquer momento o médium da corrente pode sair, desde que comunique a mãe de santo, o seu alguidar será descarregado e anulado. O que faz a força dessa corrente é o comprometimento feito através do seu coração.
A Umbanda vem se renovando a cada dia, não mais como uma religião onde o poder está fora, mas sim dentro de cada um. Não está mais se buscando milagres, nem magias, mas sim, referência para melhores caminhos e um alinhamento quântico, com isso a energia do umbandista fica mais leve e sintonizada com seu caminho.
Portanto, se você vai participar desse importante ritual, saiba que a Umbanda a partir desse momento passa a contar com você. No Asas de Aruanda não adianta ser um ótimo médium e uma má pessoa e cada um é responsável em reger sua luz dentro e fora do Terreiro. É um convite a melhorar suas ações, buscando sua evolução espiritual que é refletida na sua vida prática. Ao receber essa coroa, você passa a fazer parte do reino de Aruanda e junto com ele a satisfação em estar disponibilizando seu tempo e sua fé na cura do Ser humano, começando essa cura em você, pois não existe o outro, somos todos um e esse ritual representa essa entrega. É confiar que você tem muito mais a dar, do que a pedir, você passa a ser parte dessa família e se enxerga no seu irmão. E tem seus guias como espelho e os seus passos são firmes no caminhar.
Seja bem-vinda e bem-vindo!
Viva esse momento com entrega, pois o hoje é tudo que temos e o amanhã pode não chegar.
Texto de Mãe Alice de Ogum
Todos nós temos os sete Orixás nos protegendo nessa vida: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Iemanjá, Oxum e Iansã. Durante os sete primeiros anos de vida, para cada ano um Orixá nos protege. Quando viemos para essa encarnação é realizada uma organização para que venha um Caboclo numa das sete linhas de Orixás, para nos auxiliar de acordo com o karma que temos a cumprir nessa encarnação. Todos nós somos regidos pelas sete linhas dos Orixás, mas existe uma linha principal, que ganha mais evidência, após os sete anos de idade. Você pode ser mais impetuoso, mais amoroso ou mais justiceiro, por exemplo. Esses são alguns comportamentos alinhados com essas energias cósmicas chamadas de Orixás. Eles não são seres vivos, são forças cósmicas que influenciam todo o planeta terra.
O jogo de Obi busca o Pai de Cabeça, as frequências cósmicas todos têm, o Obi irá buscar a linha de Orixá pré-combinada no astral antes da encarnação, que irá nos guiar de acordo com a dificuldades que teremos nessa vida, auxiliando durante a jornada aqui na terra, tornando a vida mais leve e alegre.
Para descobrir qual é a principal vibração utilizamos o OBI. Este oráculo foi ensinado à Mãe Alice por Pai Fernando de Ogum, seu Pai de Santo e fundador do Terreiro do Pai Maneco de Curitiba. O Obi é uma semente africana e é dividida em quatro partes para o jogo. Ela representa a base da nossa existência simbolizada pelos quatro elementos primordiais: água, fogo, terra e ar. Ela também simboliza a Rosa dos Ventos com todas as direções. Ela nos encaminha para o nosso norte, para o nosso melhor caminho evolutivo, para o nosso destino. Quando essas quatro partes da semente são jogadas junto com os pontos cantados dos orixás é possível fazer a leitura. Não tem um segredo, é um jogo numérico mesmo. Se ao jogar as quatro partes da semente e as quatro caírem viradas para cima, é a confirmação do Orixá. Se caem voltadas para baixo, não é aquela energia regente. Um exemplo, se cantamos para Iemanjá e caem os quatro abertos, fica bem clara a energia daquela linha cósmica. Se caírem três, também já é. Se forem dois, o jogo segue até uma confirmação. Menos do que isso, você vai para outro Orixá. E assim você vai indo até chegar no resultado.
A intuição da Mãe de Santo junto a abertura da clarividência para identificar essas frequências cósmicas também são muito importantes nesse momento. Às vezes o guia se apresenta claramente atrás do consulente facilitando essa identificação. Vamos a um exemplo: se você é filho de Iemanjá, o jogo segue até identificarmos o Orixá masculino. É naquela frequência que o Caboclo que lhe guia trabalhará. Um exemplo é o Seo Branca Lua, um dos espíritos chefe da casa. Ele é um Caboclo de Ogum com Iemanjá e trabalha com a Mãe Pequena Fernanda de Iemanjá. Outro exemplo: se o orixá que te rege é Oxalá, essa energia é uma frequência pura e de acordo com a nossa crença não existe caboclo desse Orixá. Ele é o grande pai dentro da Umbanda. Então o jogo segue até definir quais são os outros dois Orixás. Se o próximo Orixá for Oxóssi, o espírito que te guia nesse caminhar é um Caboclo da vibração dele. Outro exemplo: se o jogo confirmar que você é filho de Xangô, a força feminina tende a ser Iansã. E vice e versa, mas pode acontecer. É que esse casal é um exemplo de equilíbrio: Xangô com sua justiça e serenidade auxilia Iansã a ser mais pés no chão, a não ser tão aleatória em seus pensamentos. Iansã por sua vez ajuda Xangô a ser mais flexível, a não ser fechado na sua forma de ver as coisas e no que ele considera justo, certo ou errado. Os orixás não nos atrapalham em nossa jornada, eles vem de acordo com o que precisamos para ter uma jornada leve e alegre aqui na terra.
No Asas trabalhamos com sete energias cósmicas: Oxalá, Ogum, Iemanjá, Oxóssi, Oxum, Xangô e Iansã. O jogo de Obi só pode ser aberto dentro do ritual pela Mãe de Santo ou pelos Mãe e Pai Pequeno. Por exemplo, a Mãe Pequena Fernanda também já tem mão de Obi. O jogo acontece sempre nas giras de Caboclos e Preto Velhos. São sete tiradas por gira. Se você tem curiosidade para saber qual a linha cósmica (Orixá) lhe rege é só chegar mais cedo e dar seu nome. A semente tem um custo de R$5, por isso pedimos essa colaboração. E fica a dica: as quatro partes da semente viram um patuá. Deixe elas secarem e guarde-as. Elas podem ficar no seu altar ou serem colocadas dentro de um saquinho com algumas ervas.
Texto: Mãe Alice de Ogum